
Laura Muller
Psicóloga clínica, especialista em educação sexual e comunicadora social. Desde 2007 é a sexóloga do programa Altas Horas, da TV Globo. É autora de vários livros sobre sexualidade, e além de dar palestras por todo o Brasil, Laura atende jovens, adultos e casais em seu consultório particular em São Paulo.
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O que te motiva a atuar nessa área da psicologia?
O que me motiva é trabalhar com o tema sexualidade, tanto na psicologia analítica como nas mídias sociais, no programa Altas Horas – que eu amo –, nos meus livros e nas palestras que eu faço Brasil a fora, falando sobre sexo para todas as idades. Trabalhar com esse assunto, usando variadas formas e meios de abordar esse tópico me faz muito feliz.
Como tudo começou na sua carreira?
Comecei minha carreira como comunicadora social e jornalista. Surgiu uma vaga como Editora de Sexo na Revista Claudia, eu topei e foi ali que eu tive o meu primeiro contato com o tema sexualidade. Resolvi fazer uma pós-graduação em educação sexual, me tornei sexóloga e comecei a lançar livros e dar palestras pelo Brasil a fora.
Como a psicologia entrou na sua trajetória como jornalista/comunicadora social?
Após as palestras as pessoas me pediam para atender em consultórios, e foi por conta disso que fui para a psicologia. Eu queria atender essa demanda e hoje em dia tento integrar tudo isso por onde eu passo.
Como é, para você, promover o tema sexualidade?
Ainda é muito difícil falar sobre sexo. Para mim, como educadora sexual, é muito importante conseguir abordar de maneira esclarecedora esse assunto, que ainda é muito tabu. Tanto nas palestras, quanto nos meus livros, no consultório e até mesmo no programa Altas Horas, converso com o público de maneira aberta e franca para que, pouco a pouco, o tema se torne cada vez menos complexo para a sociedade.
Mesmo numa era em que a informação chega a todo vapor, a porcentagem de doenças sexualmente transmissíveis aumentou. Como você vê isso?
É muito difícil usar a camisinha. Cada caso é um caso, às vezes as pessoas começam a usar num início de relacionamento e depois deixam para lá, outras usam só em relações eventuais ou não usam porque interfere no prazer do casal. A questão da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis passa pela conscientização da necessidade individual de usar camisinha em todas as práticas sexuais (sexo oral, sexo anal e penetração vaginal).
Preservativos mais recentes, como a pílula anticoncepcional, podem ter a ver com isso?
Os jovens idealizam o pensamento mágico de que nunca vão pegar uma doença e se lembram apenas de não engravidar. O foco ficou em achar um método contraceptivo para evitar a gravidez indesejada, mas na verdade estão todos sujeitos aos riscos. A dica, segundo os médicos, é ir a um ginecologista para escolher com ele um método a fim de evitar a gravidez e alinhar o uso da camisinha, ficando livre tanto das doenças sexualmente transmissíveis quanto da possível gravidez.
Você diria que as DSTs ou o próprio HIV é mais tabu do que o sexo em si para os jovens?
O sexo e tudo que ele envolve, inclusive a prática sexual, é um grande tabu. Viver esse momento tão intimo com uma pessoa, ficar nu de corpo, de alma e se entregar para esse momento é uma coisa muito difícil. Por isso tanto doenças sexualmente transmissíveis, a prevenção da gravidez fora de hora, quanto o sexo em si, incluindo o afeto, o prazer e a diversidade sexual, são tabus.
Qual seria uma solução para conter os índices de infecção?
Os adolescentes precisam colocar na balança isso tudo e procurar entender os caminhos possíveis para viver uma sexualidade de uma maneira mais responsável, saudável, sem deixar de ser prazerosa. Para tomar uma decisão é sempre necessário um acompanhamento médico, fazer exames com frequência e até então usar em todas as práticas sexuais.